No distante ano de 1995 um fato chocou o Rio Grande do Sul. Lembro-me muito bem desse caso, afinal a imprensa deu ampla repercussão a ele, e até hoje o caso permanece sem solução e envolto em muitos mistérios. No dia 12 de novembro de 1995, o agricultor de 56 anos de idade, o senhor Olívio Corrêa dava entrada no Hospital Banco de Olhos em Porto Alegre, depois de ser encontrado agonizante próximo a um matagal, nas proximidades de sua residência na cidade de Estância Velha, a mais ou menos 50 Km da capital. Um detalhe, que só foi descoberto na cirurgia, intrigou a polícia e os médicos, além de apavorar a população da cidade e também do estado inteiro: os olhos de Corrêa foram extraídos antes que ele chegasse ao Banco de Olhos. A constatação de que os globos oculares de Olívio Corrêa haviam sido retirados foi feita pelo médico plantonista Paulo Ricardo de Oliveira. Na noite de domingo, o médico foi comunicado sobre a chegada de um homem com graves ferimentos nos olhos, proveniente do Hospital Getúlio Vargas, de Estância Velha. Ao verificar o estado do paciente, que apresentava sangramento constante, Oliveira decidiu levá-lo para o bloco cirúrgico. A surpresa veio no momento da limpeza do rosto, uma medida de praxe. Ao levantar as pálpebras de Corrêa, o médico constatou a ausência dos dois globos oculares. O médico teve que terminar sua intervenção sob efeito do susto. Ao sair da sala de cirurgia, no entanto, precaveu-se e ligou para o plantão policial do Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre, que registrou a ocorrência. O delegado de plantão foi avisado e imediatamente um policial deslocou-se para o Banco de Olhos. Teorias: Várias teorias surgiram para explicar o caso. O delegado Luiz Fernando da Silva Nunes, que comandava as investigações na época, chegou a aventar a possibilidade de um gavião caramujeiro ter arrancado os olhos do agricultor, e depois levantaram a possibilidade de o agricultor ter sofrido um acidente, no qual ele teria caído e os olhos teriam sido espetados em arame farpado. Mas segundo o médico, as disposições dos cortes indicariam que a extração dos globos oculares foi feita cirurgicamente, por profissionais. O oftalmologista Rubens Gurski, do Banco de Olhos, afirmou que uma extração como a verificada no agricultor dura em média 10 minutos, feita por um médico experiente, em uma situação normal (numa sala de cirurgia com os instrumentos adequados). “Fazemos geralmente estas extrações em cadáveres para casos de transplantes”, salientou o médico. Em uma pessoa viva, as dificuldades da cirurgia são maiores devido ao sangramento. Os policiais civis de Estância Velha chegaram a ter um ‘suspeito’ de participação na extração dos olhos do agricultor: um homem loiro, que foi visto por testemunhas conversando com o agricultor no final da tarde do sábado, 11 de novembro. Para o delegado regional de Novo Hamburgo, Luís Fernando Tubino, que foi designado para supervisionar as investigações sobre o caso, é pouco provável que o agricultor Olívio Corrêa tenha sido vítima de pessoas interessadas em transplantes de córneas. “A perícia criminal demonstrou que os olhos foram retirados sem preservar alguns tecidos importantes, que quase inviabiliza um transplante”, disse. A polícia também analisou uma listagem da Central de Transplantes da Secretaria de Saúde do RS com a relação das cirurgias feitas no estado e seus respectivos doadores. O agricultor manifestou-se quanto às possibilidades da perda dos olhos terem sido causadas por um acidente; "Que cerca inteligente é essa que arranca meus olhos sem deixar um arranhão no rosto?", questionava ironicamente ele. Mesmo sem lembrar sobre como teria sido sequestrado e mutilado, o agricultor sempre sustentou que foi vítima de magia negra. "Essas coisas de sacrifício", dizia. É a mesma convicção do delegado regional do Vale dos Sinos na época, Luiz Fernando Tubino. "Chegamos à conclusão de que o fato envolvia algum ritual macabro, possivelmente com gente poderosa no meio, mas fomos afastados do caso e a principal linha de investigação foi abortada", recorda Tubino, hoje no Conselho Superior de Polícia. Segundo ele, foram descobertos indícios consistentes contra uma seita indiana instalada em Estância Velha. Essa versão gerou do casal investigado, uma ação contra o Estado do Rio Grande do Sul e, simultaneamente, contra o jornal Zero Hora. Uma sentença e um acórdão julgaram as duas demandas: improcedência contra o Estado e procedência contra o veículo de comunicação. Hipótese de ataque extraterrestre: O presidente da Associação Brasileira de Pesquisas Ufológicas, Hernán Mostajo, juntamente com outros quatro ufólogos, procurou o delegado de Estância Velha. Os pesquisadores disseram que há uma grande probabilidade do agricultor ter sido atacado por seres extraterrestres, dando exemplos de outras mutilações humanas da casuística ufológica. Explicaram que na maioria desses casos, são usadas técnicas de alta precisão cirúrgica, muitas vezes desconhecidas pelos humanos. Desfecho do caso: Debilitado pela diabete e por problemas cardíacos, Olívio ele não perdia a esperança na elucidação do que aconteceu. Faleceu no dia 10 de novembro de 2010, em consequência de uma parada cardiorrespiratória, sendo sepultado no Cemitério de Estância Velha. Apesar da angústia com a perda violenta da visão, Olívio era uma pessoa tranquila. "Isso tudo marcou muito ele e também a família, mas meu pai se foi em paz. Como todos os dias, ele acordou cedo, às 6h40, e foi ao banheiro. Se deitou e disse que queria dormir mais um pouco. Sentou na cama, deu um suspiro e caiu para trás, já sem vida," relata a industriária Nelci Corrêa, 38, filha do agricultor. Até hoje o caso está sem solução...